29 agosto 2009

Trinta anos de pesquisa em Letras ganham formato digital na UFPE

Por Karla Vidal

Teses e dissertações reunidas em banco de dados digital, com acesso aberto ao público, conservam a memória dos estudos em Literatura e Linguística em Pernambuco.

No ano de 2006 a Universidade Federal de Pernambuco reuniu, no Centro de Artes e Comunicação, muitos dos grandes nomes que ajudaram a escrever a história do Programa de Pós-Graduação em Letras. Pesquisadores como Francisco César Leal – fundador do programa – Francisco Gomes de Matos, Sebastien Joachim, Adair Pimentel Palácio, Judith Hoffnagel, Marígia Aguiar e muitos outros circulavam pelos corredores da universidade junto aos novos alunos e aos seus antigos orientandos, já mestres e doutores formados, alguns deles integrantes do atual corpo docente do programa.

Eram as comemorações dos 30 anos da Pós-Graduação em Letras, programa que iniciou suas atividades com cursos de especialização em 1975 e de mestrado em Linguística e Teoria da Literatura em 1976. Cabe aqui mencionar o fato de a Pós em Letras da UFPE ter sido a primeira a ser instalada nas regiões Norte e Nordeste do país.

Foi neste momento que os coordenadores do Programa, os professores Angela Paiva Dionísio e Anco Márcio Tenório Vieira, iniciaram os processos de sistematização e manutenção dos dados resultantes de trinta anos de estudos. A ideia principal era reunir todo material disponível, confirmar o número real de teses e dissertações defendidas pelo programa e apresentar os dados em forma de publicação.

Iniciou-se assim o trabalho de recuperação de informações. Por entre livros de ata e arquivos de bibliotecas chegou-se a um número que apontava para cerca de quatro centenas de dissertações e quase uma centena de teses.

O resultado deste trabalho foi o cd-rom “"O caminho se faz caminhando. 30 Anos de Teses e Dissertações -- Resumos", com número de ISBN 976-85-7315-388-0, que reuniu em mídia digital a relação de todos os trabalhos defendidos entre os anos de 1978 e 2006. “"O fato é que este disco prateado coloca na mão do pesquisador as referências necessárias para que ele possa buscar com segurança e rapidez os temas que, por ventura, venham alimentar suas indagações ou o seu trabalho intelectual", afirmam os organizadores Anco Márcio Tenório Vieira e Angela Paiva Dionísio.


Desdobramentos

A partir de 2006 o website do Programa –-- www.ufpe.br/pgletras –-- passou a disponibilizar as teses e dissertações defendidas. Em dezembro de 2008, a Pós-Graduação já contava com 455 dissertações e 110 teses defendidas. Destas, apenas as finalizadas a partir de 2006 contavam com uma versão digital para acesso na Sala de Leitura César Leal, no Centro de Artes e Comunicação. Os trabalhos entregues em versão digital passaram a integrar o Arquivo Digital de Teses e Dissertações, uma conjunto de cds catalogados por autoria e área de estudo.

Muitos dos trabalhos defendidos antes de 2006, mesmo que já em formato digital, estavam em disquete, tipo de mídia já obsoleta hoje em dia. Foi graças à colaboração dos autores que estes trabalhos passaram também a integrar o Arquivo Digital de Teses e Dissertações. Dessa forma, o arquivo passou a contar com muitos dos trabalhos produzidos nos anos 2000.

Mas como finalizar um arquivo digital com as versões das décadas de 70, 80 e 90 que existiam somente no formato impresso?


Digitalização dos originais

Com o objetivo de complementar o Arquivo Digital de Teses e Dissertações, o Programa de Pós-Graduação em Letras iniciou em 2008 as atividades de digitalização dos trabalhos defendidos desde 1978. Era o desafio maior do projeto Letras Digitais: 30 anos de teses e dissertações (2008-2009), integrante da rede de projetos de extensão do Ministério da Educação (ProExt/MEC).

O projeto está digitalizando milhares de páginas de todas as teses e dissertações defendidas durante os 30 anos de atividades da Pós-Graduação em Letras da UFPE. São trabalhos oriundos de defesas de mestrado e doutorado que trazem consigo importantes registros históricos. Páginas que marcam, dentre outros fatores, a transição da produção escrita da máquina de datilografia para os softwares de edição de texto e o importante grupo de professores orientadores, como o escritor Ariano Suassuna e o linguista Luiz Antônio Marcushi.
Após a digitalização, as dissertações passaram por trabalho de revisão e tratamento, antes de serem finalizadas em cd. Para o projeto também foi desenvolvida uma programação visual específica que ilustra um pouco da história da iniciativa e mantém o trabalho do autor exatamente como no original impresso, incluindo as marcas deixadas pelo tempo, a tipografia característica da produção de texto datilografado e apontamentos manuscritos feitos pela banca examinadora.

A iniciativa também resultou na produção de um hotsite que disponibiliza na web a relação de todas as teses e dissertações, seus resumos e datas de defesa, além da possibilidade de se fazer buscas por orientadores e palavras-chave. No hotsite também está disponível o conteúdo do cd-rom lançado em 2006, primeiro produto do projeto, e os e-books dos trabalhos, autorizados pelos autores. O hotsite pode ser acessado através do link Letras Digitais publicado no endereço www.ufpe.br/pgletras.

Letras Digitais foi lançado oficialmente na última segunda-feira, no auditório da Livraria Cultura, no Recife. O projeto contou com o apoio da Universidade Federal de Pernambuco, do Programa de Pós-Graduação em Letras e da Pipa Comunicação. Na ocasião estavam presentes os orientadores, Francisco Gomes de Matos, Adair Pimentel Palácio, Sebastien Joachim, o autor da primeira dissertação defendida em Teoria da Literatura Ormindo Pires Filho, além das autoras Beth Marcuschi, Flávia Suassuna e Heloísa Boxwell. O Prof. Charles Bazerman, da Universidade da Califórnia (Santa Bárbara/EUA), em visita ao Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE, também se fez presente ao lançamento e ressaltou a importância e o pioneirismo do Projeto.

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